Filosofia

A Filosofia envolve o uso da razão, da lógica e da argumentação na busca da verdade e do conhecimento da realidade. É uma investigação sistemática das questões fundamentais sobre a natureza da realidade (metafísica), a justificação da crença (epistemologia) e a conduta de vida (ética), entre outras coisas. Ela se concentra principalmente nas causas e na natureza das coisas e dos princípios que regem a existência, o universo material, a percepção de fenômenos físicos e o comportamento humano.
A filosofia pode ser baseada espiritualmente ou fisicamente. A natureza da filosofia é em si mesma uma questão filosófica que os filósofos entenderam e trataram de maneiras diferentes ao longo das eras. Colocando de maneira simples, ela é o amor, o estudo ou a busca da sabedoria ou conhecimento das coisas e de suas causas, sejam elas teóricas ou práticas. Como tal a filosofia leva a, ou é também definida como, uma crença (ou sistema de crenças), que é aceita como autoritativa por algum grupo ou escola. Para as religiões monoteístas, ela é o estudo de toda a sabedoria em sua fonte (Deus), e dos princípios da natureza como o resultado da criação.
O termo filosofia deriva de uma combinação das palavras do grego philos e sophia, que significam "amor" e "sabedoria", respectivamente. Assim, um filósofo é um "amante da sabedoria".
“ | A filosofia tem a peculiaridade de mudar periodicamente os seus próprios terrenos, mas sempre na direção de afirmar ou pelo menos buscar o ponto de vista de maior generalidade e importância.[1] | ” |
Componentes da Filosofia
Seja lidando com a filosofia da religião, do comportamento social, da ciência ou qualquer outra, há um número de componentes ou ramos que são vistos como partes integrais da filosofia de alguém. Estes incluem a ontologia, a epistemologia e a axiologia.
Metafísica
- Artigo principal: Metafísica
A metafísica é o ramo da filosofia que estuda os princípios por trás ou a natureza da realidade e a origem e estrutura dos tipos de categorias últimas desses conceitos. Ela está preocupada com o estudo dos Primeiros Princípios (aqueles que não podem ser deduzidos de quaisquer outros) e do ser. Definida como tal ela é diferente da epistemologia filosófica e assim não está em relação com o estudo do conhecimento. A metafísica envolve o pensamento sobre conceitos abstratos que não estão no nível empírico de entendimento encontrado na metodologia científica. Isso inclui tópicos como a mente e o corpo, ou o que é chamado dentro da filosofia de o problema da mente-corpo. Também há tópicos existenciais como o ser, não-ser e a existência, normalmente trazidos ao foco pela ontologia. Adicionalmente, o livre arbítrio e o teísmo são considerados tópicos metafísicos. Pensa-se que o teísmo clássico expressa características centrais do conceito cristão de Deus ao longo de sua história como uma filosofia e assim o Cristianismo é metafísico. A metafísica, porém, no sentido filosófico mais amplo, fora do teísmo cristão, também interage com evidências empíricas através da razão e da lógica, transcendendo além da realidade física do espaço-tempo.
Ontologia
- Artigo principal: Ontologia
A ontologia está intimamente conectada com a metafísica no que diz respeito à natureza e as relações do ser e da existência especificamente. Essencialmente a teoria do ser ou o estudo da existência. Ontologistas não necessariamente se engajam em tentar definir o que é existir mas antes abordam de forma abrangente o que realmente existe. A ontologia não lida com os específicos da existência como ver se uma espécie de ave está existindo, nem mesmo aborda a categoria mais ampla de aves. A ontologia na verdade lida com noções de se qualquer coisa sequer existe, imaterial, material, propriedades e relações, mundos possíveis e coisas semelhantes são todos áreas de estudo da ontologia.[2] É impossível fazer ciência sem pressupor algum tipo de ontologia metafísica. Por exemplo, teístas e ateus mantêm uma ontologia muito diferente. Enquanto os primeiros veem o cosmos como uma construção ordenada de um ser divino, e o ser humano constitui uma realidade imaterial, os últimos (ateus) assumem o universo como sendo apenas matéria e caos aleatório. Semelhantemente, o evolucionista percebe a humanidade como sendo nada mais que um animal, enquanto o criacionista considera a humanidade como criada à imagem de Deus.[3] Visões ontológicas fornecem uma parte de uma suposição subjacente (filosofia) que governa teorias da ciência que pretendem interpretar algum aspecto do mundo natural.
Epistemologia
- Artigo principal: Epistemologia
A Epistemologia é a teoria do conhecimento e um ramo central da filosofia que lida com limites, fontes e métodos do conhecimento. De acordo com a epistemologia tradicional, o conhecimento requer apenas Crença Verdadeira Justificada (CVJ). Uma objeção popular é que para haver graus variados de intensidade de crença sobre o conhecimento, desde o cauteloso ao convicto. Um grau particular de crença então pode ser o que é requerido para o conhecimento, não apenas uma Crença Verdadeira Justificada.[4] Pode também haver crenças práticas mas estas são baseadas mais em uma atitude positiva ao invés de em justificação epistêmica..[5] Proposições são fundamentais e os objetos de crença dentro da epistemologia. Uma verdadeira crença em uma proposição não é o mesmo que ter Crença Verdadeira Justificada (CVJ). Em oposição a mera crença verdadeira, uma CVJ dentro da epistemologia tradicional foi submetida à verificação evidencial dentro de um ambiente intelectual propício para função cognitiva adequada. Quando a proposição é verificada ela se converte em uma CVJ e então é frequentemente referida como tendo passado pela análise tripartite.[6]
Axiologia
- Artigo principal: Axiologia
A axiologia é o componente da filosofia envolvido com o estudo da natureza dos valores e julgamentos de valor ou dignidade. A axiologia bíblica é o ramo da teologia que lida com a natureza e tipos de valor, como a lei, a ética, a conduta, a ordem e a moralidade. Em Mateus 22:36-40 Jesus disse que todas as leis dependem dos mandamentos de amar o seu Deus e o seu próximo. Portanto, o amor é a base para uma axiologia bíblica.
Ciência e filosofia
A ciência natural começou como uma forma de filosofia, chamada "filosofia natural" ou "filosofia experimental". No século XIX, o termo "ciência natural" foi cada vez mais usado e a ciência foi vista como separada da filosofia uma vez que os métodos e objetivos da ciência haviam se tornado suficientemente distintos daqueles da filosofia tradicional.
Hoje em dia, os cientistas frequentemente ridicularizam a filosofia como "inútil" e os filósofos como pessoas que não podem concordar em nada. Ironicamente, os filósofos principais do século XX deram à ciência tratamento preferencial em suas filosofias naturalistas.
A ciência é frequentemente vista como pressupondo uma filosofia particular mas esse não é o caso. A ciência é primariamente uma disciplina prática; seu padrão é a utilidade ou "o que quer que funcione". É apenas quando a ciência é afirmada como verdadeira que ela se torna uma filosofia, chamada realismo científico. Então ela tem que competir com outras filosofias, algo que os cientistas são relutantes em fazer.
Em resumo, a filosofia se preocupa com o que é a verdade e a ciência com o que funciona.
Ciência e religião
A religião se preocupa com o que se crê ou deve ser crido. A ciência pode ser praticada por pessoas com diferentes sistemas de crença; não há qualquer necessidade de uniformidade de crença entre cientistas. A filosofia provê uma disciplina na qual pessoas de diferentes crenças podem buscar terreno comum.
A ciência da criação é frequentemente retratada como uma "religião" se colocando em conflito com a "ciência". De acordo com esse ponto de vista, a ciência da criação é religiosa, ao invés de científica, porque ela brota da Bíblia, um "livro religioso". A aceitação da criação é portanto "pela fé", e não pela aplicação do método científico. Por exemplo, a National Academy of Sciences escreveu:
“ | Oposição religiosa à evolução impulsiona o antievolucionismo. Embora os antievolucionistas falem da boca pra fora sobre os supostos problemas científicos da evolução, o que os motiva a lutar contra o seu ensino é a apreensão sobre as implicações da evolução para a religião.[7] | ” |
Além de ser um exemplo de falácia genética, esta afirmação confunde a prática da ciência com o que as pessoas creem sobre a ciência.
Alternativamente, outros, incluindo cientistas criacionistas, atribuem o conflito entre as teorias a variadas pressuposições filosóficas que, como argumentam, afetam a interpretação da evidência feita pelo cientista.
Por exemplo, David Bergman, um físico criacionista, atribui o conflito a duas cosmovisões fundamentalmente diferentes: de um lado, o atomismo, que exclui a ação sobrenatural no universo e mantém que eventos aleatórios ocorrem na natureza; de outro lado, o criacionismo, que mantém que o universo depende de Deus para sua existência, e que as leis da natureza são um resultado de seu projeto e plano. A evolução, ele argumenta, é meramente uma iteração moderna da antiga filosofia de Lucrécio articulada em sua obra, Sobre a Natureza das Coisas.[8]
Nesta visão, a ciência da criação não é uma "não-ciência" oposta à "ciência" da evolução. Ao invés disso, ambas são "ciências" que estão enraizadas em filosofias opostas, de modo que os mesmos métodos e a mesma evidência levam a conclusões opostas devido às suposições filosóficas subjacentes do cientista.
A ciência da criação está relacionada com o design inteligente, que difere em que seus proponentes afirmam não fazer suposições teológicas, e o design inteligente não necessariamente se opõe à evolução. Críticos notam que o movimento do design inteligente foi iniciado por muitos dos mesmos indivíduos que previamente estavam fazendo campanha para o criacionismo após tentativas de se ter a ciência da criação em escolas públicas encontrar grande oposição devido a questões de separação constitucional de estado e igreja nos Estados Unidos.
A comunidade científica principal considera a ciência da criação como sendo propaganda anti-ciência motivada pela religião. As motivações religiosas dos cientistas da corrente principal são normalmente ignoradas, embora cientistas principais como Richard Dawkins estejam defendendo abertamente a religião ateísta.
Filósofos notáveis
- Platão
- Aristóteles
- Al-Ghazali
- Maimônides
- Aquino
- Duns Scotus
- Leibniz
- Samuel Clarke
- Reginald Garrigou-Lagrange
- Mortimer Adler
- William Lane Craig
- Richard Swinburne
- Alvin Plantinga
- Peter van Inwagon
Referências
- ↑ Randall Collins, The Sociology of Philosophies: A Global Theory of Intellectual Change (Harvard University Press, quarta edição, 2002), pg. 19
- ↑ John W. Carroll e Ned Markosian, An Introduction to Metaphysics (Cambridge University Press 2010), pg. 12
- ↑ Gênesis 1:26
- ↑ Noah Lemos, An Introduction to the Theory of Knowledge (Cambridge University Press, 2007), pg. 8
- ↑ Noah Lemos, An Introduction to the Theory of Knowledge (Cambridge University Press, 2007), pg. 13
- ↑ J. P. Moreland e William Lane Craig, Philosophical Foundations for a Christian Worldview (IVP Academic, 2003), pg. 74
- ↑ Scott, Eugenie C. "Antievolutionism and Creationism in the United States." National Center for Science Education, 13 de fevereiro de 2001. Acessado em 22 de agosto de 2008.
- ↑ Bergman, David L. "Conflict of Atomism and Creationism in History." Common Sense Science, 3 de junho de 2002. Acessado em 22 de agosto de 2008.
Ligações externas
- What comes first epistemology or metaphysics? por Bill Pratt
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