Ciência
A ciência é um processo sistemático utilizado para estudar o mundo natural e desenvolver leis testáveis e teorias sobre o universo.[1] A ciência é feita pela observação dos fenômenos naturais e pela experimentação que tenta replicar processos naturais sob condições controladas.[2] A investigação científica é dividida em disciplinas especializadas (ou filiais) que estudam diferentes aspectos do mundo natural, como Biologia, Química, Geologia, Astronomia, etc
Num sentido mais amplo, a ciência é definida como a observação e investigação dos fenômenos e não está restrita ao mundo natural.[3] Portanto, a ciência pode incluir áreas de estudo como a economia, a história, a antropologia, a sociologia e outras ciências sociais e comportamentais.
História
A ciência e a matemática têm sido utilizadas há milhares de anos, remontando aos egípcios e babilônios no Antigo Oriente Próximo.[4] Evidências indicam que essas culturas primitivas tinham uma sólida compreensão de princípios matemáticos, como o valor de π, o teorema de Pitágoras e fórmulas de área e de volume.[5] Da mesma forma, a evidência textual indica que os egípcios tinham conhecimento médico avançado para seu tempo.[6]
A ciência como entendida hoje, entretanto, nasceu durante a Revolução Científica dos séculos XVI e XVII.[7] Foi nessa época que muitas contribuições fundamentais para a compreensão da humanidade sobre o mundo natural foram feitas. Exemplos incluem o primeiro modelo heliocêntrico proposto por Nicolau Copérnico em 1543, a descoberta das leis do movimento planetário por Johannes Kepler e a publicação dos Princípios Matemáticos da Filosofia Natural por Isaac Newton em 1687, considerado um dos livros mais importantes na história da ciência.
De grande importância na história da ciência é o fato de que algumas das maiores contribuições para as ciências naturais são obras de criacionistas, incluindo Copérnico, Kepler e Newton. Nas ciências da vida, Louis Pasteur refutou a geração espontânea, Gregor Mendel descobriu a genética, e Carolus Linnaeus desenvolveu o sistema de classificação moderno. Todos esses três homens eram criacionistas.[8]
Método científico
O método científico é um protocolo para realização de pesquisa científica. É o processo pelo qual os cientistas fazem observações e desenvolvem teorias sobre os fenômenos naturais.[9] O método científico consiste em várias etapas,[10] que podem ser enumeradas como se segue:
- Observe um determinado aspecto do mundo natural.
- Desenvolva uma hipótese que explica a observação inicial.
- Faça previsões baseadas na hipótese.
- Teste essas previsões com experimentação ou observação e modifique a hipótese com base nos resultados.
- Relate os resultados.
Usando esta metodologia, a hipótese pode se tornar uma teoria, quando fundamentada pela experimentação e por dados de apoio.[10] Essa teoria é, então, um quadro para que futuras observações, hipóteses, experiências, e previsões possam ser comparadas.[10] Uma vez que uma hipótese seja elevada ao status de teoria, ela não é facilmente descartada; apenas quando novos dados não podem ser explicados no âmbito de uma teoria existente é que os cientistas consideram modificar ou abandonar essa teoria.[10]
Um fator importante é que o método científico não pode ser usado para provar nada, apenas refutar ou falsear.[11] Além disso, muitas coisas já estão fora da capacidade do método científico para serem resolvidas.[12] Curiosamente, se o método científico é tão excepcional em refutar, o público deveria "esperar" um alto nível de qualidade vindo da comunidade científica. Em vez disso, a fraude está em níveis recordes, especialmente na área da biomedicina.[13]
Filosofia
A filosofia da ciência está preocupada em iluminar a natureza da pesquisa científica.[14] Filósofos da Ciência alcançam este objetivo analisando os pressupostos, fundamentos e implicações da ciência.[15] Historicamente falando, esse ramo da filosofia investiga estudos científicos a partir de pontos de vista ontológicos e epistemológicos.[14] O aspecto ontológico tenta definir quais entidades podem ser explicadas pelas teorias científicas e quais as que se encontram fora dos limites da pesquisa científica.[14] O aspecto epistemológico avalia os conceitos e métodos utilizados para teorias desenvolvidas sobre os fenômenos naturais, tais como procedimentos de observação, os padrões de argumento, métodos de representação e cálculo, e pressupostos metafísicos.[14]
Problemas comuns tratados por filósofos da ciência incluem:
- Ciência: Compreender o que a ciência é em geral, os diferentes tipos de ciência, e como chegamos à "verdade científica";
- Ciência e o sobrenatural: Definição de "ciência" e "sobrenatural", e determinação de uma relação adequada para os dois;
- Esquema paradigmático: Entendimento de axiomas, teorias, paradigmas e a interação dos três;
- Falseabilidade: Um critério para determinar o que é "ciência" e o que não é.
- Paradigmas metafísicos: Várias visões sobre a natureza do universo, e o efeito que essas visões filosóficas têm na filosofia da ciência.
Disciplinas
Embora os cientistas em geral utilizem o mesmo método científico quando realizam suas pesquisas, os cientistas estão divididos em disciplinas especializadas que se concentram em aspectos específicos do mundo natural ou de fenômenos particulares. Essas disciplinas podem ser divididas nas ciências físicas, biológicas e sociais. Investigadores nas ciências físicas, por exemplo, podem estudar as leis da física ou formações geológicas, enquanto os biólogos podem estudar a estrutura da célula ou a classificação dos seres vivos.
Ciências Físicas
As ciências físicas são os ramos das ciências naturais que estudam sistemas não-vivos.[16] Disciplinas científicas consideradas ciências físicas incluem física, química, astronomia e geologia.
- A Astronomia é o estudo científico da matéria no espaço exterior com o objetivo de se determinar ou medir propriedades de objetos distantes, tais como distâncias, posições, dimensões, distribuição, magnitudes, movimentos, composição, condição física, energia, evolução, e as causas de seus fenômenos diversos.
- A Química é o ramo da ciência preocupada com a composição, propriedades e estrutura da matéria, e como diferentes substâncias reagem juntas. É o estudo das mudanças que a matéria sofre, para adquirir conhecimento, como na "química pura", ou para aplicá-la a um objetivo específico, como na "química aplicada".[17]
- A Geologia é o estudo da origem, história e estrutura da terra. Isso geralmente é entendido como a formação do registro fóssil ou da coluna geológica e de outras características importantes, como montanhas, rios, lagos e a erosão causada por massas de água, bem como similares características naturais da terra.
- A Física é o estudo da "energia, força e espaço-tempo e tudo o que deriva deles, como a matéria. É a ciência natural que estuda conceitos básicos, tais como força, energia, massa e carga."[18] A Física é fundamental para todas as outras ciências naturais porque as outras ciências estudam sistemas que obedecem às leis da física.[16]
Ciências da Vida
As Ciências da Vida (ou Biologia) é amplamente definida como o estudo dos organismos vivos e de seus ambientes. A Biologia criacionista opera sob a doutrina ou crença de que vários tipos de seres vivos foram criados e por isso não são o produto de um processo natural. É, portanto, filosoficamente contra o evolucionismo. Dentro das ciências da vida, existem quatro principais áreas de estudo, cada uma com subdivisões múltiplas. A maioria dos cientistas da vida se especializam em uma área da biologia, como zoologia (estudo dos animais) ou microbiologia (o estudo de organismos microscópicos).
- Biologia celular—Estuda a célula e seus processos moleculares. Os princípios da teoria celular são de que células surgem a partir de células pré-existentes, a célula é a unidade básica de vida, todos os organismos são compostos de uma ou mais células, as células contêm todo o código genético do organismo.
- Botânica—Estuda os processos de desenvolvimento e de vida, fisiologia, hereditariedade, meio ambiente, distribuição, morfologia, anatomia (estrutura e forma), e valor econômico das plantas para a aplicação em áreas como agronomia, silvicultura, horticultura e farmacologia.
- Genética—Estuda a herança e variação das características em formas de vida. Realiza experimentos para determinar os fatores ambientais na origem, transmissão e desenvolvimento de características hereditárias.
- Zoologia—Estuda a origem, inter-relações, hábitos, processos da vida, doenças, relação com o meio ambiente, crescimento, genética e distribuição dos animais.[19]
Relacionamentos
Todos os ramos da ciência estão interligados de alguma forma. Isso é assim porque muitos dos mesmos fenômenos observados na pesquisa científica são investigados por diferentes ramos da ciência. Por exemplo, a luz, estudada pela Física, é a fonte de energia para a fotossíntese, um processo estudado pela Biologia.[20] Muitas vezes a natureza interdisciplinar da ciência pode levar a novos campos científicos. A bioquímica por exemplo, é o estudo dos processos químicos da vida.[21] Exemplos similares incluem a Paleontologia, uma combinação da Biologia com a Geologia.
Cada ciência tem sua própria metodologia e assunto de interesse. Cada uma é independente da outra, em certa medida, mas, ao mesmo tempo, cada uma tem de pegar ideias e informação das outras. As ciências normativas são as mais independentes, enquanto as ciências sociais e as históricas são as mais dependentes das outras. Um investigador da física pode não precisar do historiador, mas um historiador precisa definitivamente do físico para datação por radiocarbono.
Distinções
A ciência pode ser distinguida em ciência operacional e ciência histórica.
Operacional
A "ciência operacional" lida com fenômenos observáveis, repetíveis e testáveis, como a lei da gravidade, a estrutura da célula, ou reações químicas: coisas para as quais hipóteses podem ser formadas e testadas de maneira confiável. É argumentável também que tanto a ciência operacional como o conceito de lei científica são baseados nas crenças dos primeiros cientistas na criação de um universo ordenado por um legislador, como notado por Jonathan Sarfati abaixo.[22]
“ | E é vital notar que muitos historiadores, de um número amplo de persuasões religiosas, de cristãos a ateus, apontam que os fundadores da ciência operacional foram motivados por suas crenças de que o universo foi feito por um Criador racional. Um universo ordenado faz todo o sentido apenas se ele foi feito por um Criador ordenado. Mas se o ateísmo ou o politeísmo fossem verdade, então não há nenhuma maneira de se deduzir desses sistemas de crença que o universo é (ou deveria ser) ordenado.[22] | ” |
Histórica
A "ciência histórica" (ou das origens), por outro lado, lida com questões de natureza não observável: hipóteses sobre eventos que ocorreram apenas uma vez por sua própria natureza, e que portanto não podem ser repetidos, testados ou observados. Exemplos incluem a origem do sol, a origem da terra, a origem da vida, e a origem da humanidade. Hipóteses sobre essas questões podem ser formadas, e conclusões podem ser inferidas de forma tentativa a partir das evidências (por exemplo, parece que isso deve ter ocorrido), mas a evidência permanece aberta a interpretação. A base teórica tanto para a criação como para a evolução caem no domínio da ciência histórica ou das origens.
“ | Em contraste, a evolução é uma especulação sobre o passado não observável e não repetível. Assim, ela se enquadra na ciência das origens. Ao invés da observação, a ciência das origens usa os princípios da causalidade (tudo que tem um início tem uma causa) e da analogia (e.g., nós observamos que a inteligência é necessária para gerar informação codificada complexa no presente, então podemos razoavelmente assumir o mesmo para o passado). E porque não havia nenhum projetista inteligente material para a vida, é legítimo invocar um projetista não-material para a vida. Os criacionistas invocam o milagroso apenas para a ciência das origens, e como mostrado, isso não significa que vão invocá-lo para a ciência operacional.[22] | ” |
Ciência Redefinida
Muitos anticriacionistas preferem não diferenciar entre ciência operacional e ciência das origens. Por exemplo, o evolucionista Richard Dawkins fazendo a pergunta retórica: "Como sabemos que a terra tem quatro bilhões e meio de anos e que ela orbita o sol que a nutre?"[23] A última parte da frase, "ela orbita o sol que a nutre", é uma afirmação da ciência operacional. É uma inferência de dados científicos diretamente observados, obtidos de acordo com o método científico. É ciência operacional que é realizada em laboratórios e em trabalhos de campo. Seus resultados são reprodutíveis e verificáveis.[23]
A primeira afirmação acima, "que a terra tem quatro bilhões e meio de anos", é um exemplo de ciência histórica. É uma afirmação que, por definição, não é capaz de ser reprodutível e não pode ser verificada. É baseada em extrapolações de observações realizadas no presente, de acordo com uma suposição ou pressuposição a priori do materialismo. A ciência da criação rejeita essa pressuposição, portanto interpretando os mesmos dados observados de acordo com uma cosmovisão diferente.
Essa confusão entre ciência operacional e histórica é vista na alegação frequente, mas ingênua, feita por anticriacionistas de que "a ciência refutou a Bíblia". O que eles realmente querem dizer é que suas interpretações dos dados, de acordo com suas pressuposições da ciência das origens, é incompatível com a Bíblia. Isso pode bem ser verdade em certas circunstâncias, mas não altera o fato de que a ciência histórica de acordo com as pressuposições criacionistas é completamente consistente com uma interpretação diferente da evidência, e também compatível com a Escritura.
Em anos recentes, a comunidade científica foi dominada por uma cosmovisão materialista, cujos aderentes têm um compromisso filosófico a priori com o naturalismo. De acordo com esta filosofia, hipóteses só podem ser consideradas científicas se propõem explicações naturais para os fenômenos observados. Defensores desse ponto de vista argumentam que essas hipóteses são as únicas que podem ser testadas.[24] Invocar explicações para além dessa suposição materialista significaria ir além dos meios da ciência.
Esse ponto de vista é problemático porque redefine a ciência para felicitar uma visão de mundo particular. A definição de ciência discutida anteriormente não está ligada a nenhum padrão materialista. Se a ciência é simplesmente um processo sistemático usado para estudar o mundo natural, então uma hipótese que defende a criação não é inerentemente não-científica. Conquanto tal hipótese seja testável, faça previsões, e passe pela revisão por pares, ela não pode ser descartada porque tira conclusões que são contrárias ao materialismo. Se uma pessoa está, na verdade, estudando um fenômeno criado sobrenaturalmente (i.e. a célula) e limita o escopo de seus estudos a causas puramente materialistas, ela vai, por definição, chegar numa resposta errada.
Referências
- ↑ What is Science?. American Physical Society (14 de Novembro de 1999). Página visitada em 16 de Junho de 2012.
- ↑ What is Science?. University of Georgia (17 de dezembro de 2008). Página visitada em 16 de junho de 2012.
- ↑ Science Answers.com (17 de dezembro de 2008). Página visitada em 16 de junho de 2012.
- ↑ Halsall, Paul. History of Science Sourcebook, Fordham Univerity.
- ↑ Williams, Scott W. Ancient Egyptian Mathematics, University at Buffalo.
- ↑ The Medicine of Ancient Egypt
- ↑ Halsall, Paul. The Scientific Revolution in the 17th Century, Fordham University.
- ↑ Sarfati, Jonathan. Who’s really pushing ‘bad science’? CMI.
- ↑ Introduction to the scientific method, University of Rochester.
- ↑ 10,0 10,1 10,2 10,3 What is the scientific method? University of California Riverside.
- ↑ http://rabtessera.blogspot.com/2011/06/dr-william-lane-craig-gives-5-things.html
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- ↑ http://www.scientificamerican.com/article/an-epidemic-of-false-claims/
- ↑ 14,0 14,1 14,2 14,3 Philosophy of Science em Answers.com http://www.answers.com/topic/philosophy-of-science
- ↑ Philosophy of Science Wikipedia
- ↑ 16,0 16,1 Physical science pela Wikipedia
- ↑ Wilbraham, Antony C., Dennis D. Staley, Michael S. Matta, and Edward L. Waterman. Chemistry. Boston: Pearson Prentice Hall, 2008.
- ↑ Physics pela Wikipedia
- ↑ Biological and Life Scientists by the U.S. Bureau of Labor Statistics.
- ↑ Branches of Science at Info Please.
- ↑ Biochemistry pela Wikipedia
- ↑ 22,0 22,1 22,2 Sarfati, Jonathan. Chapter 1 Argument: Evolution is compatible with Christian religion Refuting Evolution 2, Creation Book Publishers.
- ↑ 23,0 23,1 Taylor, Paul. The Root of All Evil? Answers In Genesis. 17 de dezembro de 2008.
- ↑ Rennie, John. "15 Answers to Creationist Nonsense." Scientific American, julho de 2002: 78-85.
Ligações externas
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