Programa evolution

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O programa evolution, ou Biomorfos de Dawkins, ou ainda programa evolution de Dawkins é um experimento mental e uma variedade de simulações computacionais ilustrando ele. De acordo com Richard Dawkins, variações biológicas de uma geração para a próxima resultam de mutações genéticas; dado tempo suficiente, estas dão à luz a complexidade notável da atual vida biológica. Sem a necessidade de um Deus ou alguma inteligência superior. Para ilustrar e demonstrar seu ponto de vista, ele desenvolveu o programa chamado por ele Evolution. O programa gera figuras simétricas a partir de pontos e linhas. Aos olhos humanos, essas figuras se parecem com muitos objetos do mundo real, como um morcego, uma aranha, uma raposa e assim por diante.[1]

Visão geral

Biomorfo evoluído, implementado como descrito no livro de Richard Dawkins de 1986 The Blind Watchmaker. Na barra de topo, são mostrados os nove genes do experimento.

No capítulo 3 de seu livro O relojoeiro cego (The Blind Watchmaker), Dawkins apresenta um programa de computador batizado por ele de EVOLUTION. [2] O programa tem duas subrotinas auxiliares chamadas de DEVELOPMENT e REPRODUCTION.

Estrutura de dados

O programa tem nove "genes" (provavelmente um vetor de inteiros) numerados de 1 até 9. Cada um dos genes controla um aspecto do biomorfo (Biomorph).[note 1] Eles podem ter o valor de qualquer número inteiro na faixa de -9 a +9.[3] O valor de um gene em particular poderia der, digamos, 5, ou -8.

Dawkins não especificou todos os genes, mas deixou algumas pistas sobre alguns dos genes:

  • Um gene pode influenciar o ângulo de ramificação.
  • Um gene pode influenciar o comprimento de algum ramo.
  • O gene 9 foi especificado: Ela influencia a profundidade de recursão (o número de ramificações sucessivas).

Uma vez que há 19 diferentes valores possíveis para cada gene, existem 199 diferentes possíveis biomorfos possíveis, cerca de 300 bilhões.[3]

Embora Dawkins não tenha especificado os genes de sua experiência, no Anexo I de seu livro ele apresenta uma expansão de seu algoritmo com 16 genes, em vez de 9. Estes 16 genes são descritos como segue[4]:

Gene Descrição Comentário
1 Extensão Horizontal Afeta a extensão horizontal de linhas traçadas no biomorfo
2 Extensão Horizontal Afeta a extensão horizontal de linhas traçadas no biomorfo
3 Extensão Horizontal Afeta a extensão horizontal de linhas traçadas no biomorfo
4 Extensão Vertical Afeta a extensão vertical das linhas traçadas no biomorfo de várias maneiras
5 Extensão Vertical Afeta a extensão vertical das linhas traçadas no biomorfo de várias maneiras
6 Extensão Vertical Afeta a extensão vertical das linhas traçadas no biomorfo de várias maneiras
7 Extensão Vertical Afeta a extensão vertical das linhas traçadas no biomorfo de várias maneiras
8 Extensão Vertical Afeta a extensão vertical das linhas traçadas no biomorfo de várias maneiras
9 Número de ramificações Número máximo de chamadas recursivas
10 Número de segmentos
11 Distância entre os segmentos
12 2 ou 1-lado
13 Simetria radial topo-base
14 Fator de escala Quanto maior o valor menor o biomorfo.
15 Tamanho da mutação Controla a magnitude de cada passo mutacional.
16 Taxa de mutação Controla a probabilidade de mutação.

De acordo com Ellen Thro os 9 genes do programa original de Dawkins são descritos como se segue[5]:

Gene Descrição Comentário
1 Extensão Horizontal Afeta a extensão horizontal de linhas traçadas no biomorfo
2 Extensão Horizontal Afeta a extensão horizontal de linhas traçadas no biomorfo
3 Extensão Horizontal Afeta a extensão horizontal de linhas traçadas no biomorfo
4 Extensão Vertical Afeta a extensão vertical das linhas traçadas no biomorfo de várias maneiras
5 Extensão Vertical Afeta a extensão vertical das linhas traçadas no biomorfo de várias maneiras
6 Extensão Vertical Afeta a extensão vertical das linhas traçadas no biomorfo de várias maneiras
7 Extensão Vertical Afeta a extensão vertical das linhas traçadas no biomorfo de várias maneiras
8 Extensão Vertical Afeta a extensão vertical das linhas traçadas no biomorfo de várias maneiras
9 Número de ramificações Número máximo de chamadas recursivas

Procedimento Desenvolvimento (Development)

O procedimento Desenvolvimento é reponsável por desenhar o biomorfo. Seguindo os parâmetros contidos nos genes a rotina expande a recursão e forma a figura em questão.

Uma restrição imposta à rotina é que todas as formas são simétricas em torno de um eixo de simetria esquerda/direita. Segundo Dawkins, ele fez isso, em parte, por razões estéticas e, em parte, para economizar o número de genes necessários.

Procedimento Reprodução (Reproduction)

O procedimento Reprodução forma os filhos gerando mutações. A reprodução é assexuada e ocorre uma de cada vez. Todas as mutações ocorrem se aumentando ou diminuindo uma unidade de um gene em particular. Portanto, um filho difere da sua mãe, por apenas uma unidade de um dos nove genes.

Crítica

O "programa evolution" de Dawkins tem estado sujeito a muito debate. David Berlinski afirma que

Um mecanismo que requer um agente de discernimento humano não pode ser darwiniano[6]

Richard Milton indica que o experimento de computador de Dawkins não é uma representação verdadeira da mutação aleatória combinada com a seleção natural e, na verdade, falsifica a reivindicação central mais importante do pensamento mecanicista darwiniano.[1] Milton afirma que:

Na verdade, se ele se propôs a criar uma experiência que simula a evolução, ele só conseguiu fazer uma que simula a criação especial, com ele próprio no papel do onipotente.[1]

Formas intermediárias

Uma falha no argumento que Dawkins utiliza neste algoritmo é que, de forma semelhante ao programa Weasel, todas as formas intermédias de vida são viáveis ​​e reproduzem bem como qualquer outra. Isto é bastante distante do que ocorre na natureza. Os genes saltam de uma forma funcional, por exemplo +5, para uma outra forma funcional, (+4 ou +6).

Manchas de tinta de Rorschach

Richard Dawkins descreve o seu programa de computador, tendo o cuidado de observar que não está usando a seleção natural, mas uma seleção artificial. Independentemente disso, o que ele pretende é mostrar que a complexidade encontrada no mundo natural não precisa de um designer inteligente. Pode-se ver como ele lida com o nascimento de um biomorfo:

  1. Dawkins quer mostrar que a complexidade encontrada na natureza não tem nenhum designer. Ele acredita firmemente que a seleção natural atua como um projetista inteligente em si.
  2. Para isso, ele usa uma função computacional que gera formas computacionais (com um limite de iterações recursivas) com base em nove parâmetros que ele chama de genes.
  3. Ele estabelece uma simetria bilateral como uma condição fixa (Hermann Rorschach usa o mesmo parâmetro para desenvolver suas dez manchas de tinta)
  4. Ele escolhe um designer como força seletiva: um ser humano inteligente. A cada iteração ele decide qual forma vai sobreviver.
  5. Ele seleciona e define o momento de parar e o que a figura significa.

Dawkins formou muitas figuras, por exemplo, um rabo de andorinha, um homem de chapéu, uma balança de precisão (mais parece uma torre de transmissão de energia), um spitfire (porque não um mustang P-51?), e muitas outras figuras. Ele escolheu os efeitos fenotípicos e obteve uma configuração dos genes relacionados a essa escolha. Mas não foi a seleção natural que levou o processo (ou mesmo uma seleção artificial não inteligente), mas ele próprio. Embora ele chamasse o processo de "seleção artificial", seria mais justo chamá-lo de seleção humana.

Um ser humano razoavelmente inteligente responde o teste de Rorschach, encontrando 2-3 respostas para cada uma das manchas. Isso se relaciona com a capacidade de abstração dos seres humanos. Portanto, a interpretação dos valores gerados por Dawkins soa familiar para o leitor. Ambos podem abstrair as figuras geradas como um animal ou um objeto familiar. Por exemplo, abaixo estão quatro manchas de tinta a partir do teste de Rorschach. Para cada uma delas são mostradas as duas ou três interpretações mais comuns encontradas nas respostas.

É claro que é possível encontrar ainda mais interpretações possíveis para as manchas acima. Por exemplo, para as quatro manchas acima é possível ver um rosto de uma raposa, um rosto de um javali, um avião stealth, e, com um esforço de abstração, até mesmo um bandolim 'f' ou um violoncelo! A forma em si não representa nada, mas a interpretação é dada pelo cérebro do observador. Este é o truque usado por Dawkins para ser convincente para os incautos

David Berlinski apresenta outro exemplo que ilustra muito bem o ponto. Ele descreve um algoritmo usado para ajudar as vítimas a identificar seus agressores. O software apresenta muitas faces enquanto a vítima vê a semelhança das combinações faciais, como longos narizes, narizes curtos, cabelos loiros, cabelos pretos e assim por diante. O programa continua até que a vítima reconhece uma face entre eles. É a presença da vítima que interrompe o processo.[6]

Experimento

Algumas "escovas de dente" voando no céu azul

Uma experiência simples pode ser usada para demonstrar que, mesmo a observação de um processo caótico como a mudança das formas das nuvens do céu pode produzir o mesmo resultado.

  1. Em um dia claro com algumas nuvens no céu observe quatro ou cinco nuvens.
  2. Você pode selecionar e definir quando parar e o que a figura formada pela nuvem significa.
  3. Quando uma forma traz uma abstração à sua mente tire uma foto da nuvem e faça a interpretação.

Mesmo sem genes, e nenhum programa de computador, você obterá imagens que fazem sentido. O mesmo acontecerá se você criar manchas aleatórias como as de Rorschach, utilizando um papel dobrado e um pouco de tinta. Mais uma vez, a abstração está na mente do observador.

Notas

  1. Segundo Dawkins, este nome foi cunhado por Desmond Morris para os formas vagamente similares a animais em suas pinturas surrealistas (em Dawkins, Richard. The Blind Watchmaker: Why the Evidence of Evolution Reveals a Universe Without Design. New York, NY: W. W. Norton & Company, Inc., 1996. 358 p. p. 55. ISBN 0-393-31570-3)

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 Milton, Richard. Shattering the Myths of Darwinism. Rochester, Vermont: Park Street Press, 1992. 358 p. p. 168-176. ISBN 0-89281-732-1
  2. Dawkins, Richard. The Blind Watchmaker: Why the Evidence of Evolution Reveals a Universe Without Design. New York, NY: W. W. Norton & Company, Inc., 1996. 358 p. p. 50-74. ISBN 0-393-31570-3
  3. 3,0 3,1 Spetner, Lee M. Not by Chance!: Shattering the Modern Theory of Evolution. Brooklin, New York: Judaica Press, 1997. 272 p. p. 170-174. ISBN 978-1-88058224-4
  4. Dawkins, Richard. The Blind Watchmaker:Why the Evidence of Evolution Reveals a Universe Without Design. New York, NY: W. W. Norton & Company, Inc., 1996. Capítulo: Appendix I:Blind Watchmaker - An Application for the Apple Macintosh Computer, 358 p. p. 335-349. ISBN 0-393-31570-3
  5. Thro, Ellen. Artificial Life: Explorer´s kit. Carmel, IN: Sams Publishing, 1993. p. 53. ISBN 0-672-30301-9
  6. 6,0 6,1 Berlinski, David. In: Dembski, William A.. Uncommon Dissent:Intellectuals who find Darwinism Unconvincing. Wilmington, Delaware: ISI Books, 2004. Capítulo: Chapter 14: The Deniable Darwin, p. 276-277. ISBN 1-932236-31-7

Ligações externas